Duas Almas
Francisco Deliane
Amei teu corpo, ébrio de desejo. Teu seio alimentou-me
Carinhosamente senti tuas pernas entrelaçadas as minhas,
Porém, teu corpo, qual flor, antes ardente, desidratou-se,
Empalideceu, perdeu a cor, enrijeceu. Calou-se.
Veio o esquife, levou teu corpo, deixou a dor.
Ao amar teu corpo, amei, também, tua alma,
E esta, o esquife não levou. Ficando assim, definitivamente,
Gravada em mim, ardentemente, tua doce presença de amor
Carinhosamente senti tuas pernas entrelaçadas as minhas,
Porém, teu corpo, qual flor, antes ardente, desidratou-se,
Empalideceu, perdeu a cor, enrijeceu. Calou-se.
Veio o esquife, levou teu corpo, deixou a dor.
Ao amar teu corpo, amei, também, tua alma,
E esta, o esquife não levou. Ficando assim, definitivamente,
Gravada em mim, ardentemente, tua doce presença de amor
Ficou assim, tatuada em mim, tua dolorida ausência de amor
Tortura imensurável, sem medida, imposta a quem ama.
A cremação consumiu teu corpo, mas tua alma clama
Para que este amor infinito, insano e inacabado
Seja enfim plenamente renovado, quando te reencontrar
Alma feita de distância que tanto quero novamente amar.
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