Copa de Literatura Brasileira promove disputa bem-humorada entre livros
Primeira fase do torneio começa na próxima terça-feira com confrontos diretos entre as obras
Fernanda Oliveira
Depois de muita espera e ansiedade da torcida, na terça-feira o Brasil assiste ao início da Copa. Mas não a de futebol, naturalmente, e sim a de literatura.
Em vez dos pelo menos 4 mil metros quadrados do campo, a etérea realidade virtual. No lugar de times bem treinados, uma penca de livros. Dos gramados para a biblioteca, chega à quinta edição a Copa de Literatura Brasileira, o evento mais futeboleiro das letras do país.
Os concorrentes foram pré-selecionados pelo júri a partir da lista de narrativas nacionais longas publicadas entre 2011 e 2012. Entre os participantes, jogadores de peso como o vencedor do Prêmio Jabuti, Nihonjin, e o recente trabalho de João Gilberto Noll, Solidão Continental.
Outro forte concorrente é O Céu dos Suicidas, de Ricardo Lísias, que venceu a 4ª Copa com O Livro dos Mandarins pelo placar de 8x2. Lísias admite que não foi fácil chegar à final em 2011.
– Foi difícil. No começo não me sentia muito à vontade, não conhecia bem o terreno e estava ainda frio na competição. Aos poucos fui me aclimatando, o pessoal foi vendo o que eu podia e cheguei bem na final. Acho que fui crescendo durante o torneio – comenta o atual campeão, que destaca também O Sonâmbulo Amador como candidato à taça – simbólica – deste ano.
Na primeira fase da competição, 16 títulos se enfrentam em oito confrontos, livro contra livro: cada partida tem como juiz um crítico literário, que decide o vencedor em voto público e justificado – uma resenha, na verdade.
Após as quartas de final, a etapa de repescagem coloca frente a frente os perdedores das oitavas, ressuscitando mais quatro times. Os vencedores das quartas enfrentam os repescados naquela que foi batizada de rodada zumbi.
Daí pra frente é semifinal e a grande decisão, no dia 29 de outubro, na qual todos os jurados votam. Os jogos – a publicação dos textos no www.copadeliretarura.com.br– acontecem às terças e sextas-feiras, ao estilo Série B do Brasileirão.
– Nos anos anteriores, o estilo mata-mata deixava muitos livros com a opinião de somente um jurado. Isso será diferente em 2013 – garante Lu Thomé, que organiza a competição ao lado de Lucas Murtinho e Raphael Dyxklay.
O escritor catarinense Carlos Henrique Schroeder, que apita o penúltimo jogo das oitavas, considera a Copa mais democrática que os prêmios literários.
– Os jurados emitem suas opiniões, fazem suas resenhas e as pessoas acompanham passo a passo. A Copa não tem fins lucrativos. É independente, não tem patrocínios, só apoiadores – defende Schroeder.
Quanto ao prêmio, quem ganhar a Copa não vai receber medalha nem dinheiro. Leva para casa as quatro resenhas positivas e o título oficial de campeão, a ser batido no próximo torneio.
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